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Notas sobre o I ENACAT e III EEPC

Biblioteca NacionalAconteceu na Biblioteca Nacional, nos dias 4 e 5 de outubro, o I Encontro Nacional de Catalogadores (ENACAT) e III Encontro de Estudos e Pesquisas em Catalogação (EEPC) realizado pela Biblioteca Nacional e pelo Grupo de Estudos e Pesquisa em Catalogação (GEPCAT).

Os trabalhos apresentados no evento estão disponíveis aqui.

Decidi fazer este post para comentar algumas das questões discutidas no evento e sobre o evento. Vamos lá. Primeiramente gostaria de parabenizar os idealizadores e organizadores. O evento foi simplesmente muito bom! E esse sentimento parece ter sido geral, conversei com diversas pessoas que expressaram um sentimento de grande contentamento.

Para a conferência de abertura, tivemos Gerardo Salta apresentando as bases, a estrutura e alguns dos aspectos da implantação do RDA.

Conferência de abertura: “RDA, Descripción y Acceso al Recurso: bases, estructura e implementación” por Gerardo Salta.

Logo pela manhã, ao final da Mesa 1, “A Representação Descritiva em tempos digitais”, a discussão ficou empolgante. O protagonista da cena: metadados. Penso que no início da discussão houve uma confusão entre metadados e o padrão de metadados Dublin Core. Ou foi essa confusão, ou foi um tremendo choque entre diversas, digamos, “correntes teóricas”, entre aquela na qual estou sendo formado e tantas outras – umas um tanto radicais, confesso. Mas a discussão foi bem conduzida, diversos pontos de vistas foram apresentados.

Mesa 1: Kátia Lúcia Pacheco, Aline da Silva Franca, Fabiano Ferreira de Castro, Daniela Pires e Ana Carolina Simionato .

Outra característica da Mesa 1 foi a reunião de trabalhos que abordavam a descrição de diferentes tipos de recursos informacionais: literatura indígena, obras raras, imagens digitais e documentos musicais.

“Documentos musicais: atributos e desafios para a representação descritiva” por Kátia Lúcia Pacheco.

A Mesa 2 trouxe algumas “Visões sobre o FRBR“. O estudo em andamento “O conceito e a instanciação de obra em catalogação”, apresentado por Marcelo Nair dos Santos, trouxe alguns autores do cenário internacional da catalogação: Martha Yee, Barbara Tillett e Richard Smiraglia. Embora não tenha lido o trabalho completo, fiquei empolgado com a proposição, pois a área de catalogação descritiva no Brasil carece de estudos com tal especificidade e profundidade teórica.

Mesa 2: Marcelo Nair dos Santos, Débora Adriano Sampaio, Fernanda Passini Moreno, Bruno Augusto Carvalho da Cunha e Gabriela Almendra.

A mesa seguinte, “Padronização para cooperação interbibliotecas”, com apresentadores empolgados e empolgantes, trouxe uma proposta para o ensino de FRBR por meio do alinhamento de alguns conteúdos das disciplinas “tecnológicas” ao conhecimento necessário para um melhor entendimento do modelo conceitual.

Mesa 3: Ana Virginia Teixeira da Paz Pinheiro, Nadir Ferreira Alves, Stela Márcia de Oliveira Pacheco, Denise Mancera Salgado e Vilma Carvalho de Souza.
“Os conceitos básicos da tecnologia da informação e comunicação (TICS) para o entendimento dos FRBR: a experiência da UFRJ” por Ana Maria Ferreira de Carvalho, Maria José Veloso da Costa Santos e Nadir Ferreira Alves.

O segundo dia do evento começou com apresentações sobre a pesquisa em catalogação nos programas de pós-graduação brasileiros.

Zaira Regina Zafalon, Fernando Modesto, Nanci Elizabeth Oddone, Plácida Santos e Cristina Dotta Ortega.
A catalogação nos programas de pós-graduação brasileiros, apresentado por Fernando Modesto.
“Panorama da pesquisa em Catalogação nos programas de pós-graduação brasileiros: o caso da UFMG” por Cristina Dotta Ortega.
Breve histórico do Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Unesp, apresentado por Plácida Santos.

Na apresentação seguinte, Zaira Regina Zafalon, trouxe para o evento sua tese “Scan for MARC: princípios sintáticos e semânticos de registros bibliográficos aplicados à conversão de dados analógicos para o Formato MARC21 Bibliográfico“, defendida em junho deste ano no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Unesp.

“Scan for MARC” por Zaira Regina Zafalon.

A Mesa 4, “Catalogação: princípios iguais para documentos diferentes”, assim como a Mesa 1, cobriu questões relacionadas a representação de diferentes tipos de recursos informacionais: recursos contínuos, partituras e histórias em quadrinhos.

Mesa 4: Hugo Leonardo Abud, Alda Lima da Silva, Elisa Campos Machado, Alex da Silveira e Ana Catarina Macêdo de Sena.

A Mesa 5, “Visibilidade e aplicabilidade da catalogação”, trouxe discussões sobre ensino de catalogação, padrões de metadados e produção científica nacional na área de catalogação descritiva.

Mesa 5: Elizete Vieira Vitorino, Fernanda Passini Moreno, Rosa Maria Correa, Regina Verly dos Santos e Rachel Cristina Vesu Alves.

No trabalho “Publicação de artigos científicos em periódicos brasileiros na área de Representação Descritiva”, das autoras Regina Verly dos Santos, Gerlaine Pereira da Rocha e Naira Christofoletti Silveira, foi realizado um levantamento dos artigos sobre catalogação descritiva publicados em 15 periódicos nacionais da área de Ciência da Informação no período de 1992 a 2012.

“Publicação de artigos científicos em periódicos brasileiros na área de Representação Descritiva” por Regina Verly dos Santos, Gerlaine Pereira da Rocha e Naira Christofoletti Silveira.
“Publicação de artigos científicos em periódicos brasileiros na área de Representação Descritiva” por Regina Verly dos Santos, Gerlaine Pereira da Rocha e Naira Christofoletti Silveira.

Infelizmente não pude assistir a última mesa de trabalhos e a reunião de encerramento. Espero que o vídeo do evento seja disponibilizado.

Observações

Os trabalhos apresentados contemplaram uma grande variedade de temas, cobrindo inúmeros aspectos da catalogação. Um destaque vai para as questões sobre a representação de recursos informacionais de tipos que não o “tradicional livro”: documentos musicais/partituras, recursos contínuos/periódicos/publicações seriadas, obras/livros raros, imagens digitais e histórias em quadrinhos.

Uma discussão/inquietação permeou diversas mesas durante o evento: a carga horária destinada às disciplinas de catalogação. Um dos pôsteres também abordou essa questão.

Algo que ficou evidente: se o catalogador quer saber sobre FRBR é necessário que ele saiba ao menos o mínimo sobre modelos entidade-relacionamento e bancos de dados.

Algo não tão evidente, mas que considero de extrema importância: Se o catalogador deseja falar sobre conversão de registros, bancos de dados, metadados, padrões de metadados ou assuntos relacionados, deve saber ao menos o mínimo sobre XML.

O evento trouxe também ótimas notícias sobre os próximos anos. O GEPCAT e a BN pretendem dar continuidade aos ENACATs e aos EEPCs, sendo que os ENACATs serão realizados pena BN nos anos ímpares e os EEPCs ocorreram nos anos pares sob a realização do GEPCAT, possibilitando a ocorrência de um evento de catalogação por ano!

Outra ótima notícia é que a BN sediará, em novembro de 2013, o IX Encontro Internacional de Catalogadores (o VIII Encuentro será realizado na Biblioteca Nacional da Venezuela) em conjunto com o ENACAT.

Para a realização do próximo EEPC, dois docentes mostraram-se interessados em levar o evento para suas universidades: Débora Adriano Sampaio da Universidade Federal do Ceará – Campus Cariri, e Fabiano Ferreira de Castro da Universidade Federal de Sergipe. A escolha do local para o próximo evento, no entanto, ainda não foi feita, uma vez que o GEPCAT entende que há a necessidade de analisar a viabilidade do evento junto às universidades e às agências de fomento.

Por fim, muito obrigado aos leitores/visitantes deste blog que me procuraram durante o evento (mesmo que no último minuto rs). Foi, e está sendo, muito gratificante saber que estou conseguindo alcançá-los por meio deste blog. Isso me incentiva cada dia mais a continuar compartilhando algumas ideias, reflexões e notícias sobre catalogação. Sei que estou devendo alguns posts =/ Assim que possível voltarei a escrever com maior frequência.

Abraços,

Fabrício Assumpção

Bibliotecário na BU/UFSC. Bacharel em Biblioteconomia, mestre e doutor em Ciência da Informação.

4 thoughts on “Notas sobre o I ENACAT e III EEPC

  • Estava esperando esse post, desde o final do evento (rsrs..)
    Completo com a seguinte consideração: uma das características principais desse envento foi a catalogação de diversos materias não-livros.
    O catalogador responsável por estes materias deve se especializar, saber das necessidades de seus usuários ao buscar o recurso, como também suas especificidades para que possa descrevê-lo adequadamente.

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  • Luciana Grings

    Adorei o post! A cobertura do evento ficou ótima. Como não pude assistir a todos os trabalhos, achei ótimos os comentários e melhores ainda as conclusões do evento.
    Obrigada pelo reconhecimento do nosso esforço aqui. Já estamos trabalhando para o Encontro Internacional!

    Resposta

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