Notas sobre o I ENACAT e III EEPC
Os trabalhos apresentados no evento estão disponíveis aqui.
Decidi fazer este post para comentar algumas das questões discutidas no evento e sobre o evento. Vamos lá. Primeiramente gostaria de parabenizar os idealizadores e organizadores. O evento foi simplesmente muito bom! E esse sentimento parece ter sido geral, conversei com diversas pessoas que expressaram um sentimento de grande contentamento.
Para a conferência de abertura, tivemos Gerardo Salta apresentando as bases, a estrutura e alguns dos aspectos da implantação do RDA.
Logo pela manhã, ao final da Mesa 1, “A Representação Descritiva em tempos digitais”, a discussão ficou empolgante. O protagonista da cena: metadados. Penso que no início da discussão houve uma confusão entre metadados e o padrão de metadados Dublin Core. Ou foi essa confusão, ou foi um tremendo choque entre diversas, digamos, “correntes teóricas”, entre aquela na qual estou sendo formado e tantas outras – umas um tanto radicais, confesso. Mas a discussão foi bem conduzida, diversos pontos de vistas foram apresentados.
Outra característica da Mesa 1 foi a reunião de trabalhos que abordavam a descrição de diferentes tipos de recursos informacionais: literatura indígena, obras raras, imagens digitais e documentos musicais.
A Mesa 2 trouxe algumas “Visões sobre o FRBR“. O estudo em andamento “O conceito e a instanciação de obra em catalogação”, apresentado por Marcelo Nair dos Santos, trouxe alguns autores do cenário internacional da catalogação: Martha Yee, Barbara Tillett e Richard Smiraglia. Embora não tenha lido o trabalho completo, fiquei empolgado com a proposição, pois a área de catalogação descritiva no Brasil carece de estudos com tal especificidade e profundidade teórica.
A mesa seguinte, “Padronização para cooperação interbibliotecas”, com apresentadores empolgados e empolgantes, trouxe uma proposta para o ensino de FRBR por meio do alinhamento de alguns conteúdos das disciplinas “tecnológicas” ao conhecimento necessário para um melhor entendimento do modelo conceitual.
O segundo dia do evento começou com apresentações sobre a pesquisa em catalogação nos programas de pós-graduação brasileiros.
Na apresentação seguinte, Zaira Regina Zafalon, trouxe para o evento sua tese “Scan for MARC: princípios sintáticos e semânticos de registros bibliográficos aplicados à conversão de dados analógicos para o Formato MARC21 Bibliográfico“, defendida em junho deste ano no Programa de Pós-Graduação em Ciência da Informação da Unesp.
A Mesa 4, “Catalogação: princípios iguais para documentos diferentes”, assim como a Mesa 1, cobriu questões relacionadas a representação de diferentes tipos de recursos informacionais: recursos contínuos, partituras e histórias em quadrinhos.
A Mesa 5, “Visibilidade e aplicabilidade da catalogação”, trouxe discussões sobre ensino de catalogação, padrões de metadados e produção científica nacional na área de catalogação descritiva.
No trabalho “Publicação de artigos científicos em periódicos brasileiros na área de Representação Descritiva”, das autoras Regina Verly dos Santos, Gerlaine Pereira da Rocha e Naira Christofoletti Silveira, foi realizado um levantamento dos artigos sobre catalogação descritiva publicados em 15 periódicos nacionais da área de Ciência da Informação no período de 1992 a 2012.
Infelizmente não pude assistir a última mesa de trabalhos e a reunião de encerramento. Espero que o vídeo do evento seja disponibilizado.
Observações
Os trabalhos apresentados contemplaram uma grande variedade de temas, cobrindo inúmeros aspectos da catalogação. Um destaque vai para as questões sobre a representação de recursos informacionais de tipos que não o “tradicional livro”: documentos musicais/partituras, recursos contínuos/periódicos/publicações seriadas, obras/livros raros, imagens digitais e histórias em quadrinhos.
Uma discussão/inquietação permeou diversas mesas durante o evento: a carga horária destinada às disciplinas de catalogação. Um dos pôsteres também abordou essa questão.
Algo que ficou evidente: se o catalogador quer saber sobre FRBR é necessário que ele saiba ao menos o mínimo sobre modelos entidade-relacionamento e bancos de dados.
Algo não tão evidente, mas que considero de extrema importância: Se o catalogador deseja falar sobre conversão de registros, bancos de dados, metadados, padrões de metadados ou assuntos relacionados, deve saber ao menos o mínimo sobre XML.
O evento trouxe também ótimas notícias sobre os próximos anos. O GEPCAT e a BN pretendem dar continuidade aos ENACATs e aos EEPCs, sendo que os ENACATs serão realizados pena BN nos anos ímpares e os EEPCs ocorreram nos anos pares sob a realização do GEPCAT, possibilitando a ocorrência de um evento de catalogação por ano!
Outra ótima notícia é que a BN sediará, em novembro de 2013, o IX Encontro Internacional de Catalogadores (o VIII Encuentro será realizado na Biblioteca Nacional da Venezuela) em conjunto com o ENACAT.
Para a realização do próximo EEPC, dois docentes mostraram-se interessados em levar o evento para suas universidades: Débora Adriano Sampaio da Universidade Federal do Ceará – Campus Cariri, e Fabiano Ferreira de Castro da Universidade Federal de Sergipe. A escolha do local para o próximo evento, no entanto, ainda não foi feita, uma vez que o GEPCAT entende que há a necessidade de analisar a viabilidade do evento junto às universidades e às agências de fomento.
Por fim, muito obrigado aos leitores/visitantes deste blog que me procuraram durante o evento (mesmo que no último minuto rs). Foi, e está sendo, muito gratificante saber que estou conseguindo alcançá-los por meio deste blog. Isso me incentiva cada dia mais a continuar compartilhando algumas ideias, reflexões e notícias sobre catalogação. Sei que estou devendo alguns posts =/ Assim que possível voltarei a escrever com maior frequência.
Abraços,
Estava esperando esse post, desde o final do evento (rsrs..)
Completo com a seguinte consideração: uma das características principais desse envento foi a catalogação de diversos materias não-livros.
O catalogador responsável por estes materias deve se especializar, saber das necessidades de seus usuários ao buscar o recurso, como também suas especificidades para que possa descrevê-lo adequadamente.
Muito bem colocado Karu!
Abraços,
Adorei o post! A cobertura do evento ficou ótima. Como não pude assistir a todos os trabalhos, achei ótimos os comentários e melhores ainda as conclusões do evento.
Obrigada pelo reconhecimento do nosso esforço aqui. Já estamos trabalhando para o Encontro Internacional!
Fico feliz que tenha gostado Luciana. Vocês estão realmente de parabéns pelo evento!
Aguardo ansiosamente pelo Encontro Internacional!