História do controle de autoridade (parte 1): os catálogos em livros e em fichas
A revista Biblios acaba de publicar em seu volume 67, de 2017, o artigo O controle de autoridade no domínio bibliográfico: os catálogos em livros e em fichas, de autoria minha com as professoras Plácida Leopoldina Ventura Amorim da Costa Santos e Zaira Regina Zafalon.
Por meio de uma revisão de literatura, este estudo tem por objetivo analisar o controle de autoridade e o papel dos dados de autoridade nos catálogos em livros e em fichas. Considerando a falta de univocidade entre as entidades utilizadas como pontos de acesso nos catálogos (pessoas, entidades coletivas, conceitos, etc.) e os nomes pelos quais essas entidades são conhecidas, é discutido o controle de autoridade e os conceitos a ele relacionados. Em seguida, são descritos os catálogos em livros e em fichas, com ênfase na organização e nos pontos de acesso neles utilizados, e destacadas as principais contribuições de Panizzi, Jewett, Cutter e da American Library Association relacionadas ao controle de autoridade. Por fim, considera-se que os registros de autoridade atuais tiveram suas funções e seus elementos definidos ainda no contexto dos catálogos analógicos, em especial dos catálogos em fichas, de modo que os resultados deste estudo contribuem para a compreensão dos registros e arquivos de autoridade atuais e do próprio conceito de controle de autoridade, assim como para a discussão sobre novos conjuntos de regras de descrição, padrões para o intercâmbio de dados, práticas e tecnologias para a publicação de dados bibliográficos e de autoridade.
Esse artigo, que apresenta parte dos resultados da pesquisa que estou desenvolvendo (quase concluindo!) no doutorado, aborda o conceito de controle de autoridade e sua relação com os catálogos em livros e em fichas. Esse resgate histórico será complementado com um segundo artigo, ainda não publicado (mas já aceito!), que abordará o controle de autoridade nos catálogos digitais.
Alguns trechos do artigo que merecem destaque:
“A partir da segunda metade do século XIX, o desenvolvimento da Biblioteconomia e, já no século XX, da Ciência da Informação, contou com o desenvolvimento da Catalogação, compreendida aqui como o conjunto de conhecimentos acerca das teorias, dos instrumentos de representação e das tecnologias relacionadas à construção e à gestão de catálogos, principalmente no âmbito das bibliotecas.” (ASSUMPÇÃO; SANTOS; ZAFALON, 2017, p. 85)
“As remissivas de nome para nome utilizadas por Panizzi, junto das remissivas utilizadas por Jewett, podem ser consideradas um dos primeiros meios de se alcançar o que hoje se entende por controle de autoridade, ainda que não seja identificada naquela época a presença de registros de autoridade. Essas remissivas, como concebidas por Panizzi e Jewett, são utilizadas ainda hoje, às vezes sob os nomes ponto de acesso variante, ponto de acesso não autorizado, cabeçalho não autorizado, etc.” (ASSUMPÇÃO; SANTOS; ZAFALON, 2017, p. 90)
“A partir dos catálogos em fichas é possível observar o surgimento dos registros e arquivos de autoridade. As funções dos catálogos listadas por Cutter já demandavam a existência do controle de autoridade, uma vez que encontrar um recurso informacional conhecido ou um conjunto de recursos informacionais que compartilham determinada característica requer o controle dos pontos de acesso (ASSUMPÇÃO; SANTOS, 2012). Os meios listados por Cutter para o alcance dessas funções explicitam essa necessidade ao incluírem o uso de remissivas para nomes, títulos e assuntos.” (ASSUMPÇÃO; SANTOS; ZAFALON, 2017, p. 93)
“[…] é possível notar que o registro de autoridade tal como visto hoje teve sua função e seus elementos (ponto de acesso autorizado, pontos de acesso não autorizados, fontes consultadas, etc.) delineados ainda no contexto dos catálogos analógicos, em especial dos catálogos em fichas, o que ressalta a importância do entendimento acerca desses catálogos para a compreensão dos registros e arquivos de autoridade atuais e do próprio conceito de controle de autoridade.” (ASSUMPÇÃO; SANTOS; ZAFALON, 2017, p. 95)
“Nota-se também que as tecnologias utilizadas na criação dos catálogos analógicos tiveram impacto determinante na configuração desses catálogos, de suas possibilidade e limitações e das práticas de catalogação. A possibilidade de acrescentar novas entradas sem prejuízo à ordenação do catálogo, possibilidade essa oferecida pela tecnologia utilizada nos catálogos em fichas, favoreceu a proliferação dos pontos de acesso através dos quais os usuários poderiam encontrar determinado recurso informacional. Com as técnicas de reprodução de fichas, essa possibilidade permitiu que as descrições completas dos recursos informacionais fossem replicadas e apresentadas em diversos locais dentro de um mesmo catálogo, favorecendo, assim, um acesso mais rápido a essas descrições por parte dos usuários.” (ASSUMPÇÃO; SANTOS; ZAFALON, 2017, p. 95)
O artigo completo está disponível em: https://doi.org/10.5195/biblios.2017.341
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