Pontos de acesso: controlados, não controlados, autorizados e formas variantes
O que seria um ponto de acesso?
Para tentar esclarecer um pouco sobre os pontos de acesso, apresento aqui algumas definições encontradas na Declaração dos princípios internacionais de catalogação e algumas considerações que podem auxiliar na compreensão desse elemento essencial aos catálogos.
Primeiramente, um “ponto de acesso” é definido como “um nome, termo, código, etc. por meio do qual, dados bibliográficos ou de autoridade são procurados e identificados” (Statement…, 2009, p. 9, tradução nossa).
Um ponto de acesso pode ser controlado ou não. Um “ponto de acesso controlado” é um ponto de acesso registrado em um registro de autoridade, enquanto que um “ponto de acesso não-controlado” não é controlado por um registro de autoridade (Statement…, 2009).
Por sua vez, um ponto de acesso controlado pode ser autorizado ou uma forma variante do nome. Um “ponto de acesso autorizado” é o ponto de acesso controlado preferido para representar uma entidade e construído de acordo com regras e padrões, enquanto que uma “forma variante do nome” é uma forma do nome que não a escolhida como o ponto de acesso autorizado para a entidade. A forma variante do nome, também chamada de remissiva ou ponto de acesso não autorizado, pode ser utilizada para acessar o registro de autoridade para a entidade ou ser apresentada como um link para o ponto de acesso autorizado (Statement…, 2009).
Já que uma imagem vale mais que mil palavras, segue um gráfico que fiz com base nas definições apresentadas acima:
Além de se dividirem em controlado e não controlado, autorizado e forma variante, os pontos de acesso podem ser divididos de acordo com os tipos de entidades que eles representam. Por exemplo, o ponto de acesso que representa uma pessoa é chamado de “ponto de acesso de nome pessoal”, enquanto que o representa um assunto pode ser chamado de “ponto de acesso de assunto”.
Alguns exemplos de pontos de acesso:
Pontos de acesso representando pessoas:
- Wilde, Oscar, 1854-1900 (Ponto de acesso autorizado para o escritor Oscar Wilde construído de acordo com o RDA)
- Wilde, Oscar Fingal O’Flahertie Wills, 1854-1900 (Forma variante do nome – ponto de acesso não autorizado – para o escritor Oscar Wilde construído de acordo com o RDA)
Ponto de acesso representando uma família:
- Allende (Família : Chile) (Ponto de acesso autorizado para a família Allende (família chilena que reúne grandes políticos e escritores) construído de acordo com o RDA)
Pontos de acesso representando entidades coletivas:
- Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação (Ponto de acesso autorizado para a Sociedade Portuguesa de Ciências da Educação (SPCE) construído de acordo com o RDA)
- Lacrimosa (Grupo musical) (Ponto de acesso autorizado para a banda musical Lacrimosa construído de acordo com o RDA)
Pontos de acesso representando assuntos:
- Programas de Imunização (Ponto de acesso autorizado)
- Programas de Vacinação (Forma variante – ponto de acesso não autorizado)
Qual a diferença entre ponto de acesso e entrada? E entre ponto de acesso e cabeçalho?
É comum o emprego dos termos “ponto de acesso”, “cabeçalho” e “entrada” como sendo sinônimos, no entanto acredito que, muitas vezes, tal uso se dá de modo incorreto. Seguem alguns esclarecimentos:
“Cabeçalho”, segundo o Código de Catalogação Anglo-Americano (AACR2r) (2004, p. D-2) é “um nome, palavra ou frase, colocados no alto de uma entrada catalográfica para fornecer um ponto de acesso”. De fato, exceto pela expressão “no alto de uma entrada catalográfica”, o conceito de cabeçalho apresentado no AACR2r é semelhante ao de ponto de acesso da Declaração dos princípios internacionais de catalogação (Statement…, 2009, p. 9). Assim, posso dizer que “cabeçalho” e “ponto acesso” são sinônimos.
O que diferencia esses dois termos é que “cabeçalho” volta-se mais ao contexto dos catálogos de fichas, enquanto que “ponto de acesso” mostra-se mais atualizado e adequado para acompanhar a catalogação no contexto dos catálogos digitais e dos avanços das Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC).
Já o termo “entrada” representa um registro de um item no catálogo (Código…, 2004, p. D-5). Essa denominação advém dos catálogos analógicos, nos quais uma entrada é composta por um ponto de acesso (ou cabeçalho), uma descrição e dados de localização.
Uma ficha catalográfica pode ser um bom exemplo de uma entrada, vejamos:
Por mais que “entrada” signifique um registro, tal termo vem sendo utilizado no contexto dos catálogos digitais com o mesmo significado de “ponto de acesso”.
Utilizar “entrada” como sinônimo de “ponto de acesso” é incorreto uma vez que uma entrada compreende, entre outros elementos, um ponto de acesso.
Referências
CÓDIGO de catalogação anglo-americano. 2. ed., rev. 2002. São Paulo: FEBAB, 2004.
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